Em Apucarana, principais estratégias para contemplar jovens de baixa renda é a educação integral e programas específicos
Antoniele Luciano - da Tribuna do Norte - Diário do ParanáAos 14 anos, a apucaranense Juliana Carolina de Arcanjo Stefe já conhece pessoas da idade dela que foram protagonistas de casos envolvendo a polícia. “A gente sabe de alguns e não é só na minha escola”, conta a aluna da 6ª série do Ensino Fundamental. Ela acredita que para mudar esta realidade, que em Apucarana levou à apreensão de mais de 250 menores neste ano, é preciso investir em políticas voltadas à juventude. “Se tivéssemos mais esporte, cursos, música e teatro para ocupar a cabeça desses jovens, poderia ser diferente”, opina.
Moradora do Jardim América, na zona norte da cidade, Juliana é um dos adolescentes que aguardam por mais programas envolvendo a juventude no município. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Apucarana, jovens de 12 a 17 anos já são mais de 12,2 mil. Esta faixa etária, de acordo com o relatório “Situação da Adolescência Brasileira 2011”, divulgado nesta semana pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), é o extrato da população que tem os direitos mais violados no País. Com maior incidência de pobreza, risco de morte violenta, privação da convivência familiar, os jovens, conforme o estudo, estão mais vulneráveis à exploração sexual, evasão escolar, abuso de drogas, contágio por doenças sexualmente transmissíveis e criminalidade.
O diretor do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) em Apucarana, o psicólogo Gleyson Fernandes Reis, avalia que a rede de serviços destinada a este público na cidade é ampla, mas ainda necessita de mais incentivos. “Somos privilegiados porque temos três entidades que trabalham com medidas socioeducativas para adolescentes, enquanto outros municípios da região têm apenas uma. Mas, não existe política pública que reserve um orçamento específico para a área”, diz.
Para o secretário Municipal de Juventude, Moisés Tavares, o Centro da Juventude, cujas obras tiveram início neste ano depois de entraves envolvendo a licitação da construção, será o principal instrumento do município no acompanhamento e resgate dos jovens. “Será um espaço de inserção social, educação, cultura e esportes, que estará à disposição de todas as entidades sociais da cidade”, atesta.